Das profundezas da humanidade sobe uma aspiração secreta. Presos aos
ritmos anônimos dos programas e dos horários, muitos dos nossos contemporâneos
têm implicitamente o desejo de uma realidade essencial, de uma vida interior.
Nada conduz mais à comunhão com o
Deus vivo do que uma oração em comum meditativa, com esse ponto alto da oração
que é o cântico, que se prolonga e que continua no silêncio do coração quando
já nos encontramos sózinhos. Quando o mistério de Deus se torna perceptível
pela beleza simples dos símbolos, quando ele não é sufocado por uma sobrecarga
de palavras, então a oração em comum longe de se destilar na monotonia e no
tédio traz a alegria do céu à terra.
Para numerosos cristãos ao longo
dos séculos algumas palavras retomadas uma e outra vez, até ao infinito, foram
um caminho de contemplação. Quando estas palavras se cantam talvez penetrem
ainda mais até às profundezas do ser humano.
Para celebrar uma ampla oração em
comum bastam algumas pessoas e já o coração se dilata num encontro com Cristo.
E a universalidade da comunhão pode deixar-se pressentir quando jovens se
juntam, pelo menos uma vez por semana, à oração da comunidade local que reune
todas as gerações, das crianças às pessoas de idade.
A oração é uma força serena que
trabalha o ser humano, transformando-o, culltivando-o, não o deixando fechar os
olhos face ao mal, às guerras, a tudo o que ameaça os inocentes na terra. Da
oração tiram-se forças visando outras lutas, visando transformar a condição
humana e tornar a terra habitável.
Quem caminha seguindo a Cristo
mantém-se simultaneamente perto dos outros e perto de Deus, não separa oração e
solidariedade.
Irmão Roger, de Taizé
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