sábado, 24 de abril de 2010

Evangelho do domingo: como Pastor Bom

Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo
OVIEDO, quinta-feira, 22 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste 4º domingo da Páscoa (Jo 10,27-30).

O Bom Pastor era uma imagem próxima para aqueles ouvintes de Jesus, tão acostumados ao pastoreio, tanto em sua vida nômade como na assentada. Mas aquela parábola era quase uma crônica autobiográfica de Jesus em relação àquelas pessoas: não ser estranho nem estranhar-se, dar vida e dar-se na vida, até dar a alma antes que alguém possa tirá-las das suas mãos. Aqui se desenhava o estupor diante de Jesus, experimentado por aqueles que ouviam sua voz e já não deixariam de reconhecê-la, permanecendo junto a Ele.
Nessa convivência com Jesus, rapidamente se entendia seu "segredo". E consistia em que esse Mestre não estava órfão: tinha um Pai, em cujas mãos Jesus cuidava das suas ovelhas; e delas ninguém poderia arrebatá-las. Jesus, o Pai, nós. O Pastor, o rebanho, as ovelhas. Como na metáfora do Evangelho e como na vida de cada dia.
Em nosso mundo, existem tantas vozes de pessoas que se oferecem para "cuidar" de nós e velar pelas nossas mil "seguranças"... Mas a pessoa acaba suspeitando de tanto favor "desinteressado", quando no fundo acaba ficando à intempérie, carregada de avisos, de normas, de recortes, de interesses e controles, de ameaças... E esses "cuidadores", com pouco coração, buscam talvez somente que compremos sua marca, votemos em seu partido, apoiemos seu negócio. O bom Pastor não tinha nenhum desses preços, porque para Ele, dar a vida é algo que se faz gratuitamente, por amor.
Não obstante, aquele Bom Pastor não ficou lá, há dois mil anos. Ele prometeu sua presença e proximidade até o final dos tempos. Seremos "ovelhas" desse tão Bom Pastor se também nós ouvirmos a sua voz, palparmos sua vida de doação e as mãos do Pai, das quais ninguém poderá nos tirar.
Na medida em que permanecemos nesse Bom Pastor, nosso coração cresce e se vê rodeado de uma paz que não engana, de uma esperança sem traição. Temos necessidade de pastores que nos recordem as atitudes do Bom Pastor, e devemos pedir ao Senhor que nos abençoe com muitos e santos sacerdotes, segundo o coração de Deus.
Mas cada um, a partir da vocação que tiver recebido, deve testemunhar o que supõe a companhia de tão Bom Pastor: deixar-se pastorear é deixar-se conduzir rumo ao destino feliz para o qual fomos criados, para que aquilo que Ele nos prometeu continue se cumprindo, e isso encha de alegria nosso coração, dessa alegria da Páscoa, que, como as ovelhas de Jesus, nas mãos do Pai, ninguém poderá nos roubar.

sábado, 17 de abril de 2010

Evangelho do 3º domingo: a última pesca

Por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo

OVIEDO, sexta-feira, 16 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste 3º domingo da Páscoa, 18 de abril (Jo 21,1-19).
* * *
O relato da última aparição de Jesus ressuscitado aos seus discípulos tem uma cena belíssima. Novamente entre redes, como no começo; novamente diante de um trabalho cansativo e ineficaz, como tantas vezes; novamente a dureza de cada dia, em um cotidiano sem Jesus, como antes de que tudo acontecesse.
Alguém estranho, muito cedo, da margem do lago, atreve-se a provocar, fazendo uma pergunta onde mais doía: sobre o que havia... onde não existia mais que cansaço e vazio.
Haviam aprendido que a verdade das coisas nem sempre coincide com o que nossos olhos conseguem enxergar e nossas mãos, tocar; e se fiaram daquele desconhecido. O resultado foi o inesperado, esse que surpreende porque já não se espera, porque nos é dado quando estamos nos retirando e estamos de volta... de todos os nossos "nadas" e inutilidades. Para uns, seria uma boa vista, talvez magia para outros, mas, para o discípulo amado, só poderia ser o Senhor.
Há algumas brasas, que recordam aquela fogueira em torno da qual, alguns dias antes, o velho pescador jurou não conhecer Jesus, negando-o três vezes. Agora, junto ao fogo irmão, Jesus lavará com misericórdia a fraqueza de Pedro, transformando para sempre seu barro frágil em pedra fiel.
O verdadeiro milagre não é uma rede que se enche, como vazio que se torna plenitude desmerecida. O maior milagre é que a traição covarde se transforma em confissão de amor. Até três vezes o confessará. A traição desumanizou Pedro, fez que ele fosse como no fundo não era e o obrigou a dizer com os lábios o que seu coração não queria. O amor de Jesus, sua graça sempre pronta, o humanizará de novo, até re-estrear sua verdadeira vida. Sem ironia, sem indiretas, sem pagamento de contas atrasadas. Gratuitamente, assim como a própria graça.
No nosso mundo existem muitas fogueiras e lugares em que Deus e os irmãos são traídos e, agindo assim, somos desumanizados, partidos. Mas há outras brasas, as que Jesus prepara ao amanhecer das nossas escuridões e depois das nossas fadigas, e nela nos convoca em companhia nova, transformando-nos em humanidade distinta. Lá, permite-nos voltar a começar, na alegria do milagre da sua misericórdia desmerecida. É a última pesca, a das nossas torpezas e cansaços.
Feliz quem tiver olhos para reconhecê-lo, como João, e quem se deixar renascer, como Pedro.

sábado, 10 de abril de 2010

Divina Misericordia

Jesus, eu confio em Vós


“Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão” (Diário, 420).
Trazendo grande alegria para todas as pessoas, o Papa João Paulo II atendeu à ordem de Jesus. No dia 30 de Abril de 2000, ele declarou que o Domingo depois da Páscoa deve ser celebrado através do mundo como “Domingo da Divina Misericórdia”. Esta data é propício para se obter indulgência dos pecados. De acordo com a tradição católica, Santa Faustina Kowalska teve uma visão com Cristo que pediu que, no primeiro domingo após a Páscoa, fosse comemorada a “Festa de Cristo Ressuscitado” para que pudesse distribuir nesta data graças especiais.


A Capela do Mosteiro Monte Sião da Imaculada Conceição é dedicada a Divina Misericórdia. Como é de costume serão celebradas duas missas: As 07:30h ( Pe. Tiago Minelli) e as 17:00h ( Pe. Fernando Duarte B. Reis).


A Mensagem da Divina Misericórdia

Devoção à Divina Misericórdia



Entre os anos de 1931 a 1938 o próprio Jesus quis se revelar a uma humilde religiosa polonesa, Santa Faustina Kowalska, recordando-lhe – através de visões e alocuções – a centralidade do mistério do amor misericordioso de Deus para com o mundo e a humanidade, especialmente os pecadores, sofredores e agonizantes. Sublinhou também qual deve ser a resposta de cada ser humano a tão grande generosidade, a qual inclui algumas novas formas de culto e devoção.
Em linhas gerais podemos afirmar que toda a história da salvação está marcada pela revelação de um Deus que não pactua com o mal (o pecado, a soberba, a mentira, o ódio etc.), mas que vence o mal pelo bem, ou seja, com seu amor misericordioso para com o pecador. Assim, por exemplo: Êx 34,4-7 – Moisés descobre que o Deus de Abraão, Isaac e Jacó é clemente e misericordioso; Sl 136 – o povo de Deus canta sem cessar a misericórdia do Senhor; Os 11,8 – os profetas recordam que o coração paterno de Deus se “contorce” pelos seus filhos; Eclo 18,13 – a verdadeira sabedoria nos faz descobrir que a misericórdia divina envolve todos os seres humanos.
Na plenitude dos tempos o Filho de Deus assume a natureza humana para nos salvar e santificar, manifestando de modo pleno e definitivo – pela sua vida e palavra – a divina misericórdia. Tudo isso estimula S. Paulo a ler toda a ação divina em nosso favor à luz da sua misericórdia (Tt 3,4-7). A tradição cristã posterior (S. Agostinho, Sto. Tomás de Aquino, Sta. Catarina de Sena, Sta. Terezinha do Menino Jesus etc.) constantemente haveria de atestar que a misericórdia é a manifestação mais excelente do amor divino, revelando de modo extraordinário o seu poder (cf. Sto. Tomás, Ad Eph. 2,4, lect. 2, nn. 85s).
Em nossos tempos se fazia necessário recordar ao mundo esta maravilhosa verdade. Catástrofes, conflitos, carestias têm deixado em nosso planeta um rastro terrível, quase sempre indelével. As aparições de Nosso Senhor a Santa Faustina ocorrem exatamente no momento em que se agravava a crise política, econômica, social e militar em diversas partes do mundo – haja visto que a queda da bolsa de valores de Nova Iorque se dera em 1929 (gerando uma queda vertiginosa no produto mundial), e que exatamente na década de 30 se deu a ascensão de Hitler ao poder alemão (1933) e o início da II Guerra Mundial em 1939 (menos de 1 ano após a morte de Santa Faustina).
A leitura das mensagens de Jesus a Santa Faustina registradas em seu Diário – e também em suas cartas – nos revelam uma certa inquietação da parte de Jesus. O culto e o apostolado da divina misericórdia querem, de algum modo, preparar a humanidade para o encontro definitivo com Cristo, e por isso Ele próprio afirma que está prolongando em nosso favor o “tempo da Misericórdia” (D. 1160). Noutra ocasião declara: “Antes de vir como justo Juiz, abro de par em par as portas da Minha misericórdia” (D. 1146; cf. 1728). Mais enfáticas são as seguintes declarações: “Minha filha, fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça” (D. 848); “Estou dando à Humanidade a última tábua da salvação, isto é, o refúgio na Minha misericórdia” (D. 998; cf. 1228).
Entre os novos elementos de devoção e apostolado propostos por S. Faustina, a Festa e o Terço são vistos explicitamente como “última tábua de salvação” para a humanidade pecadora (D 965; 687), bem como uma nova comunidade religiosa feminina, cujas consagradas “prepararão o mundo para a última vinda de Cristo” (D 1155). Uma das descrições contidas no Diário faz eco ao sinal prometido por Jesus em Lc 22,30, que para muitos Padres da Igreja se refere à sua santa cruz:
“Escreve isto: Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da Misericórdia. Antes de vir o dia da justiça, nos céus será dado aos homens este sinal: Apagar-se-á toda a luz no céu e haverá uma grande escuridão sobre a Terra. Então aparecerá o sinal da Cruz no céu, e dos orifícios, onde foram pregadas as mãos e os pés do Salvador sairão grandes luzes, que, por algum tempo, iluminarão a Terra. Isto acontecerá pouco antes do último dia” (D. 83).
O tom profético-apocalíptico se encontra presente em diversas páginas dos escritos da santa polonesa, por vezes de modo surpreendente: “Prepararás o mundo para a Minha última Vinda” (D. 429); “Vossa vida deve ser semelhante à Minha: – é Maria Ssma. quem lhe fala – silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em súplica pela humanidade e a preparar o mundo para a segunda vinda de Deus” (D. 625; cf. 635). O Diário alude também a um personagem misterioso que haveria de provir também das terras polonesas, tornando-se um farol para a humanidade: “Amo a Polônia de maneira especial e, se ela for obediente à Minha vontade, Eu a elevarei em poder e santidade. Dela sairá a centelha que preparará o mundo para a Minha Vinda derradeira” (D. 1732). Muitos consideram o Papa João Paulo II, grande promotor da mensagem da divina misericórdia, como aquele que cumpriu esta profecia.
Como Arcebispo de Cracóvia, o futuro papa introduziu a causa de canonização da Irmã Faustina. Com coragem a defendeu quando sua ortodoxia foi questionada, em grande parte devido à má tradução em italiano do seu Diário. Estimulou outrossim o Pe. Ignacy Rosycki, teólogo polonês, a preparar um estudo definitivo sobre os escritos e as virtudes heróicas da religiosa polonesa, que foi decisivo para que a Igreja a reconhecesse oficialmente como santa.
Como Papa, escreveu três importantes encíclicas que formam uma espécie de tríptico: O Redentor do homem – na qual destaca Jesus Cristo como o centro da história e do universo; Rico em misericórdia – o Filho de Deus feito homem nos revela definitivamente a misericórdia do Pai, única esperança de paz para o mundo; Senhor e doador da vida – o Espírito Santo é o único capaz de nos libertar do ateísmo prático (cf. Kosicki, George W., John Paul II: the Great Mercy Pope, Marian Press, Stockbridge-MA, 2001, p.22). “Não há nada que o ser humano necessite mais do que a Divina Misericórdia”, afirmou João Paulo II no Santuário da Divina Misericórdia em Lagiewniki, perto de Cracóvia, onde estão as relíquias de Santa Faustina (7/06/1997).
Este caráter de urgência que acompanha a mensagem da divina misericórdia foi expresso pelo Papa João Paulo II em outras ocasiões; assim, por exemplo, na Homilia durante a Missa da Beatificação da Irmã Faustina, no dia 18/04/1993, cujo n. 6 vale a pena reproduzir:
“O Faustyna, (...) Cristo te escolheu para recordar às pessoas o grande mistério da divina misericórdia. (...) este mistério se tornou verdadeiramente um grito profético dirigido ao mundo e à Europa. A tua mensagem da divina misericórdia nasceu praticamente quase na vigília do assustador cataclisma da segunda guerra mundial. (...) “Sinto claramente que a minha missão não termina com a morte, mas inicia...”, escreveu Irmã Faustina no seu Diário. E assim verdadeiramente aconteceu! A sua missão continua e está trazendo frutos surpreendentes. É verdadeiramente maravilhoso o modo pelo qual a sua devoção a Jesus Misericordioso avança no mundo contemporâneo e conquista tantos corações humanos! Isto é sem dúvida um sinal dos tempos – um sinal do nosso século XX. Um balanço deste século que declina apresenta, além das conquistas, que muitas vezes superaram aquelas das épocas precedentes, também uma profunda inquietação e medo a respeito do porvir. Onde, portanto, se não na divina misericórdia, o mundo pode encontrar o refúgio e a luz da esperança?”


Que a mensagem da divina misericórdia nos estimule a viver em constante, serena e ativa vigilância, esperando o grande dia do nosso encontro definitivo com Nosso Senhor! Com Santa Faustina, possamos sempre rezar: “...aguardemos com confiança, como Vossos filhos, a Vossa vinda última, dia que somente Vós conheceis” (D 1570).
Ordem da Imaculada Conceição - Monjas Concepcionistas - Ave Maria Puríssima!
O Mosteiro Monte Sião da Imaculada Conceição foi fundado em 25 de março de 1988 na cidade de Jataí/ GO. Este mosteiro é um dos 19 existentes no Brasil, da Ordem da Imaculada Conceição, cuja fundadora da Ordem é Santa Beatriz da Silva.
e-mail:falemosteiro@yahoo.com.br


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