sábado, 15 de março de 2014

Frei Alberto: O tempo da Quaresma


Ter-se-á sempre em vista que a Quaresma constituía preparação para o Tríduo pascal da Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor Jesus, celebrado de Quinta-feira à noite até o Domingo da Ressurreição.
A Quarta-feira de Cinzas abre este tempo de conversão e de penitência, fazendo a proposta da observância quaresmal da oração, do jejum e da esmola.
Jesus é o modelo da vida de penitência dos cristãos. O Jesus que jejua, o Jesus que se dedica à oração, deve ser visto à luz do Cristo transfigurado. Toda a caminhada da conversão dos cristãos só tem sentido à luz da ressurreição pregustada no Tabor.
A partir do 3º domingo temos uma diversificação, conforme os ciclos litúrgicos dos Anos A, B e C.
O ano litúrgico A, que estamos vivendo neste 2014, apresenta a temática batismal. O batismo será revivido no Tríduo pascal e especialmente na Vigília. Se isso é verdade todos os anos, vem tematizado no Ano A. Utilizam-se os Evangelhos de São João. No 3º Domingo: o poço da samaritana; no 4º Domingo: o cego de nascença junto à piscina de Siloé. No 5º Domingo: a ressurreição de Lázaro. As leituras do Antigo Testamento, em harmonia com os evangelhos, apresentam os grandes lances da história da salvação. As leituras do Apóstolo realçam também a temática batismal.
Tudo isso pode acontecer cada ano com o Povo de Deus, a Igreja, no Tríduo pascal. As condições são a conversão, a renovação da aliança batismal em Cristo Jesus.
AS LINHAS FORÇAS DA QUARESMA
A Quaresma recebe toda a sua força de inspiração da Vigília pascal, desdobrada no Tríduo pascal da Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição de Jesus Cristo.
Trata-se da preparação para a Festa da Páscoa do Cristo total, isto é, de Jesus Cristo e dos cristãos. Esta vida nova em Cristo é que chamamos de mistério pascal.
A páscoa-fato, celebrada pela Igreja, movimenta-se em três níveis: a páscoa-fato, celebrada pela Igreja, movimenta-se em três níveis: a páscoa-fonte, a Paixão-Morte, Sepultura e Ressurreição de Jesus Cristo; a páscoa participada pelos cristãos, acontecida no batismo; e a renovação da páscoa dos cristãos em Cristo no hoje pela renovação de vida, na conversão ou penitência e no compromisso renovado.
Tudo isso torna-se sacramental na páscoa-rito, na celebração da Vigília maior, desdobrada no Tríduo pascal.
Compreendemos que a celebração da Páscoa é essencialmente uma festa batismal. Dela brotam duas linhas-força:
A primeira: A dimensão batismal. Nesta dimensão podemos realçar dois aspectos. A Páscoa é a festa da celebração do batismo daqueles e daquelas que se prepararam durante a Quaresma. Hoje, esta realidade está tornando-se sempre mais presente. Os catecúmenos caminharam com a Igreja; a comunidade tornou-se catecúmena com os que se preparam para o batismo. A Igreja gera novos filhos na fé. Mas enquanto ela se torna catecúmena, os cristãos se preparam para renovar os compromissos do próprio batismo. Assim, estamos na segunda linha-força da Quaresma: a penitência ou a prática da conversão para viver o batismo ou para renovar as promessas do batismo.
Os cristãos já batizados têm consciência de que ainda não estão na plenitude do ideal cristãos, que é o próprio Cristo Jesus. Todo cristão, mesmo batizado, sabe que o processo de sua conversão não chegou ao fim. Ele é um caminhante, consciente do já presente do ainda não. Embora justificado e santificado pelo batismo e pela fé, encontra-se ainda a caminho. Além disso, ele tem consciência de que muitas vezes se torna infiel à aliança batismal, à morte libertadora de Jesus Cristo, afastando-se ou negando totalmente sua vocação e missão de batizado. Ou, então, torna-se infiel aos compromissos batismais, não correspondendo devidamente à proposta do amor de Deus em Jesus Cristo. Daí o sentido da penitência quaresmal para todos. Será preparação para retomar os compromissos do batismo ou para fortifica-los. Esta experiência de reconciliação oferecida pela misericórdia de Deus em Jesus Cristo constitui, por sua vez, outra experiência pascal celebrada sacramentalmente na Páscoa.

Adaptação: BECKHÄUSER, Frei Alberto. Viver o Ano Litúrgico: Reflexões para os domingos e solenidades. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
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